Hoje, como secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, reconheço meu privilégio e meu lugar de fala. Mas nem sempre foi assim. Sei que essa ainda não é a realidade de muitas mulheres e é por isso que precisamos mudar esse cenário.

Ao longo desta trajetória, aprendi que ocupar espaços de poder como mulher, especialmente defendendo outras, exige mais que preparo técnico. É preciso coragem para estar onde tantas vezes tentaram nos silenciar. Já tive minha presença questionada antes mesmo de falar e quase duvidei de mim diante das pressões de conciliar trabalho, cuidados e expectativas.

Mas não desisti. Porque sei que estar aqui não é só por mim. É por todas as mulheres paranaenses que, todos os dias, lutam pelo que é seu. Precisamos seguir abrindo portas para que cada uma também se sinta parte do que estamos construindo.

Acredito que a união entre nós é essencial para o futuro ser diferente. Quero seguir ao lado de mulheres fortes e decididas, honrando também as que vieram antes, que mesmo diante de tantas dificuldades, seguiram firmes.
Assumir responsabilidades exige coragem. Aos 20 anos, cuidar da saúde de tantas pessoas exigiu maturidade, empatia e dedicação. Foi um dos meus primeiros grandes desafios como secretária municipal de Saúde em Saudade do Iguaçu. Ser a primeira mulher a conquistar três mandatos como deputada federal também exigiu preparo, resiliência e firmeza diante dos obstáculos que ainda enfrentamos na política.

Criar e assumir uma secretaria inédita foi mais que um cargo, foi abrir caminhos onde antes não havia trilhos. Assim como escolher, ainda jovem, uma profissão historicamente dominada por homens. Em cada escolha, enfrentei dúvidas e resistências. Mas também encontrei apoio.

Para que mais mulheres ocupem esses espaços, é fundamental fortalecer redes de apoio e incentivo. Nenhuma de nós precisa, nem deve, caminhar sozinha. O poder e o lugar de fala que buscamos começam nos detalhes: em uma troca sincera, na partilha de oportunidades e, acima de tudo, na escuta e no afeto.

Também é urgente desconstruir a ideia de que precisamos estar 100% prontas para grandes responsabilidades. A dúvida dos outros muitas vezes abala nossa confiança, mas agir enquanto se aprende é sinal de força.

Esses desafios só foram possíveis porque outras mulheres caminharam ao meu lado ou me inspiraram com suas trajetórias. Enedina Alves Marques, primeira mulher negra engenheira do Brasil, é uma delas. Sua história me ensinou que não há barreira que a determinação não possa superar.
O que aprendi e sigo aprendendo é que a transformação começa quando uma mulher se reconhece capaz, se vê representada e entende que sua presença importa.

Mais mulheres no poder não é apenas uma meta. É um compromisso com um país e um Estado mais plural e mais igualitário.

Acredito que o futuro pertence às mulheres que persistem. Como disse Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile: “Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas mulheres entram na política, muda a política.”