Por Sandra Duda, presidente do PSD Mulher Paraná

Do cuidado individual com a saúde e o bem-estar das famílias ao planejamento dos serviços públicos essenciais. Dos direitos que conquistamos às políticas que ainda nos faltam. Tudo isso passa por decisões políticas e, na maioria das vezes, com poucas mulheres à mesa.

De acordo com o relatório Women in Parliament 1995–2025, publicado pela União Interparlamentar (IPU), as mulheres ocupam apenas 27,2% dos assentos parlamentares no mundo. No Brasil, somos apenas 17,7% na Câmara dos Deputados e 19,8% no Senado, o que representa apenas 18% do Congresso Nacional — mesmo com a maior bancada feminina da história. E, se nada mudar, a ONU Mulheres estima que a paridade de gênero no poder político só será alcançada em 2063. Além disso, serão necessários 137 anos para eliminar a pobreza entre todas as mulheres e meninas.

Esses não são apenas dados preocupantes — são um retrato inaceitável da desigualdade persistente. E essa disparidade se acentua dentro dos partidos políticos. Apesar da ampla participação feminina em campanhas, mobilizações e eventos, seguimos ausentes dos espaços onde as decisões realmente são tomadas: nas comissões executivas, nos diretórios e nos núcleos partidários.

E aqui vai uma verdade que precisa ser dita com amor, respeito e clareza: se você não está onde se decide, talvez esteja apenas sendo impactada — nunca protagonista.

Lugar de mulher é onde se decide.

Não se trata de “ocupar por ocupar”. Trata-se de equidade, equilíbrio e de uma democracia que reflita, de fato, quem somos como sociedade. Quando as mulheres participam da política, ela se transforma. Ganha escuta, empatia, pluralidade. Novas pautas e novos olhares surgem. O debate se humaniza. A construção é mais coletiva e menos hierárquica.

No PSD Paraná, temos mais de 20 mil mulheres filiadas. Uma força gigantesca — que precisa se tornar presença concreta nos espaços reais de decisão. Em 2024, o PSD lançou 1305 candidaturas femininas em 354 municípios do Paraná, elegendo 19 prefeitas das 39 mulheres que foram eleitas no estado o que representa mais de 53% das prefeituras comandadas por mulheres pessedistas, 18 vice-prefeitas e 146 vereadoras, somando mais de 468 mil votos.

No Legislativo estadual e federal, o PSD Paraná temos duas deputadas em cada esfera: Luísa Canziani e Leandre Dal Ponte na Câmara dos Deputados, Márcia Huçulak e Cloara Pinheiro na Assembleia Legislativa. São números que nos enchem de orgulho — e que mostram que podemos ir ainda mais longe.

E, para irmos além, precisamos estar onde tudo começa. 

As comissões partidárias são o coração da política. É ali que se define quem vai disputar eleições, quais causas o partido vai abraçar, como os recursos serão distribuídos. Sem mulheres ali, seguimos sendo maioria fora — e minoria onde mais importa.

É por isso que, desde 2023, com o apoio do governador Carlos Massa Ratinho Junior (presidente licenciado do PSD-PR), sugerimos que pelo menos 30% das comissões municipais do PSD-PR sejam compostas por mulheres. Não por cota, mas por convicção. Porque onde as decisões são tomadas — seja na base do partido, seja nos espaços de poder como o Legislativo e o Executivo — é exatamente onde precisamos estar. Porque acreditamos que a democracia precisa de mais vozes femininas. E porque nenhuma transformação política verdadeira acontece sem que as mulheres estejam presentes na base do processo.

Entre 2016 e 2022, o número de mulheres filiadas ao PSD Paraná passou de 8.780 para mais de 20 mil, um crescimento superior a 63% em seis anos. Atualmente, o PSD Paraná conta com 52 mulheres presidentes partidárias e 16 coordenadoras regionais do núcleo feminino PSD Mulher PR.

Ao longo da minha caminhada, como fundadora e hoje presidente do PSD Mulher Paraná, tenho defendido com firmeza esse protagonismo feminino dentro do partido. Projetos como a Caravana Pessedista, o podcast A Quinta é Delas e a criação de uma plataforma de formação política são passos importantes nessa jornada. Mas o desafio central segue o mesmo: fazer com que mais mulheres entrem para os espaços de decisão.

Porque, sim, política se aprende fazendo. Nenhuma de nós começou sabendo tudo. Muitas começaram como você: com dúvidas, inseguranças, mas também com coragem e desejo de transformação.

Não dá para aceitar o mínimo. É hora de ocupar, com consciência, diálogo e responsabilidade.

Se você já é filiada, parabéns. Esse foi um passo corajoso. Mas agora é hora do passo mais importante: apoiar outras mulheres, mobilizar outras mulheres sobre a importância da política em nossa vida cotidiana, participar das reuniões, entrar para as comissões, propor ações. Liderar pautas. Ouvir. Falar. Fazer a diferença.

Você pode.

A política precisa do seu olhar, da sua experiência, da sua força.

Mais do que nunca, o futuro da democracia depende da nossa presença.

Porque onde se decide é exatamente onde devemos estar.

Filie-se. Participe. Construa.

Vamos juntas?